Morfologia na Gramática Normatica


Na gramática tradicional, Morfologia é parte da gramática que estuda as classes de palavras, seus paradigmas de flexões com suas exceções.

Prof. Vicente Martins (Sobral, CE, Brasil)

Prof. Vicente Martins (Sobral, CE, Brasil)
Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA

sábado, 26 de dezembro de 2009

FORMAÇÃO DE PALAVRAS NA LÍNGUA PORTUGUESA



























Existem vários processos de formação de palavras na Língua Portuguesa. Esses processos foram usados ao longo da história do idioma e podem ser usados atualmente para a criação de neologismos, quando se quer criar uma palavra para um conceito até então desconhecido.
Os principais processos de formação de palavras são os seguintes:
Índice[
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1 Derivação
2 Composição
3 Estrangeirismo
4 Acrônimo
5 Onomatopéia
6 Ver também
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editar] Derivação
A derivação é um processo que consiste no acréscimo de morfemas a um radical já existente, a fim de representar um conceito relacionado à palavra original. Existem cinco processos de derivação, a saber:
Prefixação: consiste em adicionar à palavra um prefixo. Exemplos: forma - reforma, teatro - anfiteatro, operação - cooperação etc.
Sufixação: consiste em adicionar à palavra um sufixo. Exemplos: pedra - pedreira, engenheiro - engenharia, igual - igualdade etc.
Parassíntese: consiste em adicionar à palavra, ao mesmo tempo, um prefixo e um sufixo. Exemplos: veneno - envenenamento, vermelho - avermelhado, frio - esfriamento etc.
Prefixação e sufixação: Note-se que não são consideradas parassínteses palavras como "desordenamento", "decodificação", etc. uma vez que existem as palavras "ordenamento", "desordem", "codificação", sendo o prefixo independente do sufixo. Nesse caso, diz-se que a palavra sofreu tanto prefixação quanto sufixação. Ex: repor = re (prefixo) + por (radical do verbo "pôr").
Regressão: geralmente são substantivos oriundos de verbos, e consistem na supressão das desinências verbais. Exemplos: buscar - busca, morrer - morte etc.
Conversão: (ou Derivação Imprópria) esta derivação não modifica a palavra, consiste apenas em mudar a classe gramatical, geralmente transformando o verbo em substantivo. Exemplos: o saber, o porquê etc. Consiste também em usar adjetivos como se fossem advérbios, por exemplo: "andar rápido", "jogar bonito" etc.
[
editar] Composição
A composição é o processo que consiste em unir dois ou mais radicais para formar uma nova palavra. Existem quatro processos de composição, a saber:
Justaposição: neste caso, não há mudança nas palavras originais, e estas são unidas sem perder letras ou fonemas, com ou sem hífen. Exemplos: guarda-chuva, girassol, arranha-céu, porta-arquivos etc.
Aglutinação: neste caso, parte do elemento original das palavras se perde, e assim deixa de existir a noção do composto. Alguns exemplos: planalto (de plano + alto), embora (em + boa + ora), fidalgo (filho + de + algo), boquiaberta (boca + aberta) etc.
União de radicais: processo semelhante ao de aglutinação, consiste em juntar elementos radicais do latim ou do grego para dar um novo significado. Exemplos: pedofilia (pedo, "criança" + filia, "atração"), agrícola (agro, "campo" + cola, "aquele que habita" etc.)
Hibridismo: consiste em unir elementos sendo cada um oriundo de um idioma. Exemplos: automóvel (latim e grego), alcalóide (árabe e grego) etc.
[
editar] Estrangeirismo
O estrangeirismo é o processo que consiste em introduzir uma palavra de um idioma estrangeiro dentro do português. Pode receber nomes diferentes de acordo com o idioma de origem, como anglicismo (do inglês), galicismo (do francês), germanismo (do alemão) etc. Não são consideradas estrangeirismos as palavras de origem latina, bem como as palavras brasileiras de origem tupi. O estrangeirismo pode ser de duas categorias:
Com aportuguesamento: consiste em adaptar a grafia do idioma estrangeiro para o português. Exemplos: abajur (do francês "abat-jour"), algodão (do árabe "al-qutun"), lanche (do inglês "lunch") etc.
Sem aportuguesamento: consiste em conservar a forma original da palavra. Exemplos: networking, mise-en-scène, pizza etc.
[
editar] Acrônimo
O acrônimo, ou sigla, é uma forma de composição de palavras que consiste em juntar letras ou sílabas de outras palavras para dar origem a uma nova. Na maioria dos casos (mas nem sempre), o acrônimo serve para designar nomes próprios, não sendo, portanto, um processo tradicional de formação de palavras. Os acrônimos podem ser de duas categorias:
Silabáveis: formam efetivamente uma nova palavra, podendo ser pronunciada de acordo com as normas do idioma. Exemplos:
Infraero (Infraestrutura Aeroportuária), USP (Universidade de São Paulo), Petrobrás (Petróleo Brasileiro) etc.
Não silabáveis: não formam propriamente uma palavra, sendo constituídos apenas pelas iniciais das palavras, sendo necessária a pronúncia do nome de cada letra. Exemplos:
FMI, MST, SPC, PT etc.
Onomatopéia
A onomatopéia é a palavra criada à partir do som que ela representa.
Ex.: cacarejar, zumbir, reco-reco, ronronar, pow!, pá!.
[
editar] Ver também

CONTRIBUIÇÃO PARA UM ESTUDO SOBRE O VOCÁBULO MÓRFICO

Délcio Barros da Silva

1. INTRODUÇÃO

As gramáticas normativas não aplicam uma análise precisa, completa e sistemática ao vocábulo mórfico, dificuldade essa que remonta à gramática greco-latina, de cuja técnica se nutriram. Neste trabalho, propõe-se uma verificação da conceituação dos elementos constitutivos do vocábulo, veiculada pelas principais gramáticas da língua portuguesa, examinam-se as noções de flexão e derivação e, finalmente, apresenta-se uma discussão da análise morfológica de acordo com a nomenclatura proposta pela lingüística estrutural. Alerta-se, ab initio, que o presente estudo não tem a pretensão de ser exaustivo.

2. CONCEITUAÇÕES DE GRAMÁTICA

O emprego coloquial do termo “gramática” coincide com o que se entende por gramática-livro, tradicional ou normativa, voltada para o ensino da modalidade culta da língua. Essa gramática tem origem nos estudos teóricos das línguas clássicas (o grego e o latim), que se converteram em objeto de reflexão e, logo, de ensino, regida pelos mesmos princípios da lógica filosófica.

Naquela época, criou-se a idéia de que a língua falada era inferior e que a gramática teria como propósito impedir as incorreções da linguagem coloquial, definindo-se como “ciência que ensina a falar e escrever corretamente”. Esse caráter normativo da gramática tradicional perdura até hoje, especialmente quando se considera somente a modalidade culta no ensino da língua, voltada para a escrita, como tarefa principal da escola. Trata-se, portanto, do produto do trabalho dos gramáticos com a dupla função de prescrever (explicitar as regras do que se deve e do que não se deve dizer ou escrever) e analisar as formas encontradas na língua padrão.

Já o termo “gramática”, que designa o produto do trabalho do lingüista, distingue-se do seu emprego coloquial referente a livro que prescreve as regras do bem falar e escrever. Em vez disso, ela procura descrever a estrutura da língua, com base na observação do que se diz ou escreve na realidade, sem a preocupação de estabelecer normas que distingam a forma “correta” da “incorreta”. SILVA & KOCH (1987:12), a seguir, caracterizam, de maneira muito clara, a oposição dessa abordagem descritiva em relação à normativa:

A primeira explicita, enumera e classifica a estrutura das frases, dos morfemas que constituem as frases, dos fonemas que constituem os morfemas e das regras de combinações dessas diferentes unidades. Trata-se de um trabalho de definição, classificação, interpretação e não de julgamento ou legislação. A última procura prescrever as normas, discriminando os padrões lingüísticos e elegendo um deles como de “bom uso”, muitas vezes a partir de critérios de ordem social e não lingüística. Ao longo dos anos, as gramáticas normativas foram estabelecendo preceitos avaliativos, isto é, instruções que muitas vezes se resolvem em diga x, não diga y.


3. PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ESTRUTURALISMO

Pode-se afirmar que a lingüística e a gramática tradicional estudam o mesmo objeto, ou seja, a língua, mas sob pontos de vista diferentes. SAUSSURE (1974) estabelece uma série de princípios que refletem as diversas formas de abordagem lingüística, através das dicotomias língua e fala, sintagma e paradigma, diacronia e sincronia, descritivo e normativo, além da dupla articulação da linguagem.

Embora esses princípios estejam estreitamente relacionados na abordagem do vocábulo mórfico, aos propósitos deste trabalho interessam, de maneira particular, a diacronia e a sincronia. A língua, em dado momento, é conseqüência de uma evolução que, por sua vez, constitui-se numa etapa evolutiva que continuará através do tempo. Ao estudo desses fenômenos lingüísticos que se modificam numa sucessão histórica chama-se diacronia, enquanto a abordagem da língua, considerando apenas uma de suas etapas evolutivas, é denominada sincronia.

Para Saussure, o estudo fundamental que deve desenvolver a lingüística é o de um determinado estágio da língua, sem levar em conta a ação do tempo sobre ela, ou seja, a realização de uma abordagem sincrônica.

4. OS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO VOCÁBULO

Na análise do vocábulo mórfico, os conceitos de raiz, radical, vogal temática, tema e afixos constituem as primeiras dificuldades, pois as distinções, nos casos de raiz, radical e tema, nem sempre são suficientemente claras nas principais gramáticas normativas. CUNHA(1976), BECHARA(1975) e LUFT(1979), por exemplo, afirmam que tema é o radical acrescido de vogal temática; no entanto, o primeiro autor evita mencionar o conceito de raiz, mesmo quando se refere a famílias de palavras (cognatos), enquanto que, para Bechara e Luft, raiz se confunde com o radical primário, devido a este não possuir afixo. CÂMARA (1969:51), no qual se basearam os três autores citados anteriormente, reconhece, desde o latim, as dificuldades de se fazer uma distinção entre radical (incluindo-se nesse conceito o de raiz) e o tema. Para ele, “o tema vem a ser um radical ampliado por uma vogal (temática) determinada”.

Mas há alguns gramáticos ilustres, entre eles COUTINHO(1971:116), que não faz, a rigor, nenhuma distinção entre raiz, radical e tema: “À parte da palavra que permanece depois da eliminação do sufixo, dá-se o nome de radical. Pode este ser constituído pela própria raiz acrescida de outro elemento de formação. Neste último caso, tem ainda o nome de tema”. É importante salientar que, de acordo com essa nomenclatura, em vocábulos atemáticos como “fé”, raiz, radical e tema coincidem.

Como se pôde verificar, os conceitos de raiz e radical são tomados como equivalentes por alguns autores, radical e tema, por outros, permitindo admitir-se que o radical e os afixos constituem os elementos básicos do vocábulo. Os afixos se subdividem em prefixos e sufixos, de acordo com a posição de ocorrência. Os prefixos vêm prepostos ao radical, por exemplo: o elemento re-, de “renovar”. Os sufixos ocorrem pospostos ao radical, como o elemento –mente, no advérbio “rapidamente”.

No que se refere aos afixos, há também algumas discordâncias entre as principais gramáticas normativas da língua portuguesa. Mas o problema maior se desloca para a confusão entre as abordagens sincrônicas e diacrônicas, presentes em todos os seus critérios de análise lingüística, o que caracteriza, sem dúvida, uma forte herança da gramática histórica.

CÂMARA (op.cit.) cita o exemplo do verbo “comer”, cuja análise correta, pelo critério sincrônico, é com- e –er e, não, com-, prefixo, e –e, raiz, craseada pela terminação –er, segundo o modelo latino (“com-ed-ere”). Neste caso, seria um absurdo aplicar-se uma análise diacrônica para explicar que o significado de com- (de “comedere”) tem o mesmo valor sincrônico de com- (de “comer”) em português.

5. FLEXÃO E DERIVAÇÃO

A flexão e a derivação constituem outro ponto de divergências e confusões nas principais gramáticas normativas do português.

“Flexão” deriva-se de “fléctere” = dobrar, flexionar. Na nomenclatura gramatical latina, o verbo “fléctere” era empregado com os sentidos de flexionar ou derivar. Hoje, no entanto, flexionar e derivar são processos distintos que precisam ficar bem claros nas gramáticas normativas. Varrão percebeu isso, criando os conceitos de “derivatio naturalis” para flexão e “derivatio voluntaria” para derivação. A flexão ou “derivatio naturalis”, como dizia Varrão, é imposta pela natureza da língua. Para expressar a idéia de plural, há necessidade de flexionar as palavras: de “casa” para “casas”, etc. Já na derivação ou “derivatio voluntaria”, Varrão percebeu que esta é opcional, que depende da vontade do falante. Em vez de “tristíssimo”, por exemplo, pode o falante empregar “muito triste” ou, mais enfaticamente, “muito, muito triste”, “pra lá de triste”, etc.

Outro aspecto que se pode ressaltar é a sistematicidade do processo de flexão versus a assistematicidade da derivação. No processo de flexão, não há espaço para a criatividade do falante: se o –s é a marca do plural em português, o falante não poderá expressá-lo, trocando o –s por –i, por exemplo, de “casas” dizer “casaI”, etc. Na derivação, por outro lado, devido à sua assistematicidade e imprevisibilidade, a língua se recria e se enriquece através da atuação e das necessidades de comunicação de seus usuários. Se é verdade que de “negro” se terá “negrume” – o que não se garante que de “verde” se terá “verdume” – de “aids”, tem-se “aidético”, de “sineta”, “sinetaço”, etc.

STEFFEN(s/d) alerta que não se pode concordar totalmente com os conceitos de flexão veiculados por algumas gramáticas, onde afirmam que substantivos e adjetivos se flexionam em gênero, número e grau. De acordo com esse autor, a flexão de grau não é feita por um sufixo flexional, mas por um sufixo derivacional. Isso porque o sufixo flexional se presta a estabelecer relações gramaticais e, não, à formação de palavras. Por isso, julga-se falsa a afirmação de que os nomes se flexionam em grau, citando o caso do superlativo absoluto sintético, para comprovar esse fato.

Em português, há somente dois sufixos flexionais na flexão de substantivos e adjetivos: o de gênero e o de número. Numa análise superficial, o vocábulo “menina” apresenta um sufixo flexional de gênero –a; “meninas”, um sufixo flexional de gênero –a e outro de número –s = dois sufixos flexionais. Já em “tristíssimas”, expressando o superlativo absoluto sintético, têm-se dois sufixos derivacionais –iss e –im, um sufixo flexional de gênero –a e outro indicador de número –s.

6. A ABORDAGEM ESTRUTURALISTA

Na abordagem estruturalista, como o próprio nome sugere, há uma preocupação com a determinação da estrutura mórfica do vocábulo. Para tanto, é fundamental o conceito de morfema, proposto por HOCKETT(1973), da escola estruturalista americana: morfemas são os elementos mínimos individualmente significantes nas elocuções de uma língua.

Um morfema pode ser um vocábulo, embora não possa ser confundido com este. Em português, “fé” é um vocábulo e um morfema, ao mesmo tempo, pois não pode ser dividido em partes significativas. Aliás, o lingüista norte-americano Leonard Bloomfield definiu o léxico como o conjunto total de morfemas numa língua, ou seja, o inventário efetivo de todas as suas formas mínimas significativas.

O procedimento para a identificação de um morfema, segundo PICKETT (op.cit.:18), é através de “um processo de substituição e comparação de porções recorrentes”. Por exemplo: em “infeliz”, “independente” , “inseguro” e “indócil”, in- é recorrente e significa “não”; mas, numa posição adjacente, na qual as outras partes podem ser substituídas, verifica-se que, com cada substituição, dá-se mudança no significado total do enunciado. Diz-se, então, que as partes substituídas estão em contraste, constituindo-se em morfemas diferentes. Veja-se o quadro a seguir:




in
feliz
in
dependente
in
seguro
in
dócil

Tomando-se o vocábulo “reis” como exemplo, constata-se que “rei” é recorrente e o –s (marca de plural) contrasta com a sua própria ausência:

rei
#
rei
-s

Um vocábulo pode ser monomorfêmico, constituído de um só morfema (ex.: “rei”), ou polimorfêmico, contendo diversos morfemas (ex.: “infelizmente”). Há dois tipos básicos de morfemas: morfema lexical (radical) e morfema gramatical (afixos). Em “reis”, têm-se “rei” como morfema lexical e –s como morfema gramatical. Diversos são os processos morfológicos que ocorrem em português, como gênero, número, tempo, modo, etc., marcados por morfemas gramaticais, além dos derivacionais, marcados pelos morfemas lexicais.

Conforme os exemplos estudados, os morfemas podem ocorrer isoladamente ou ligados a outros. Chama-se morfema livre aquele que pode ocorrer sem a presença de outro elemento, como em “rei”. Já em “reis”, o –s (marca de número) é uma forma presa, porque só ocorre na presença de outro, neste caso, o morfema “rei”.

CÂMARA (1970) introduz ainda o conceito de forma dependente, para abranger os morfemas nem livres, nem presos, como as partículas proclíticas e enclíticas, o emprego dos artigos, etc., do português. Exemplos: “o” em “o rei”; “se” em “fala-se”.

Tem-se ainda uma subcategorização de morfemas em formas simples, compostas e complexas, entre outras. As formas simples são as que podem ocorrer livres ou presas. O –s em “reis” é um exemplo de forma simples. Os radicais são puras formas simples. As formas complexas consistem de uma forma livre e de uma ou mais formas presas. Em “infelizmente”, tem-se um bom exemplo de forma complexa. Já as compostas são aquelas formadas por dois morfemas livres, como em “guarda-chuva”, “guarda-roupa” e tantos outros exemplos de justaposição citados nas gramáticas.

A análise morfológica estruturalista tem recebido muitas restrições dos especialistas. BASÍLIO(1987:18) assim se refere ao conceito básico (semântico) de morfema:

Como o morfema é definido em relação ao significado, cria-se um problema grave de análise, já que no léxico as palavras apresentam um significado global, que não é necessariamente uma função exclusiva do significado das partes. Como conseqüência, muitas vezes não podemos isolar o significado das partes do significado global, ou seja, muitas vezes, temos elementos constitutivos de palavras que não podem ser definidos em termos de significado.

Caberia, talvez, justificar que não se abordou este assunto do ponto de vista do gerativismo, porque os principais autores dessa corrente lingüística reconhecem as dificuldades de se realizar a segmentação das palavras, preferindo partir do vocábulo como unidade mínima (morfema) no estudo dos grandes constituintes da oração. Veja o que afirma PERINI (1976:52) no texto a seguir:

Antes de mais nada, não devemos crer que a divisão das palavras em morfemas seja sempre uma tarefa simples como dei a entender acima. Mesmo quanto à palavra que citei como exemplo, “redistribuição”, podemos ter dúvidas sobre se “–distribui-“ é realmente um morfema ou dois, a saber, -dis (que seria o mesmo que aparece em “dispersar”, “distrair”, etc.) e –tribui- (que estaria em “atribuir”, “retribuir”, “contribuir”, etc.). Encontrar um significado comum a todas as ocorrências de –dis seria tão difícil quanto fazer o mesmo para todas as ocorrências de –tribui-.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme se procurou demonstrar através do presente trabalho, apesar de as principais gramáticas normativas da língua portuguesa já terem incorporado muito das contribuições dos estudos lingüísticos sobre o vocábulo mórfico, ainda há coincidência entre os enfoques sincrônico e diacrônico, gerando confusão, principalmente no que refere aos conceitos de raiz, radical e tema. Neste aspecto, embora o termo raiz conste da Nomenclatura Gramatical Brasileira, tem se constituído numa presença perturbadora entre autores das principais gramáticas do português.

Ainda em decorrência do que se disse acima, percebe-se que a partição do vocábulo, seja na técnica proposta pela gramática tradicional, seja na estrutural, não se constitui numa tarefa simples. E o problema assume proporções maiores, quando a gramática normativa se ampara em descrições inadequadas ou falsas, para prescrever regras destinadas ao ensino da língua portuguesa. Faz-se necessário, portanto, ao professor, adotando sempre uma postura crítica, buscar na descrição sincrônica da estrutura morfológica do português, em sua modalidade escrita, as bases de seu trabalho em sala de aula.

É claro que, nos limites deste artigo, caiu-se num mero relato de algumas questões de morfêmica, alinhavando-se aqui ou ali, superficialmente, a análise de alguns casos. Fica, portanto, como sugestão, um reexame deste tema para um trabalho de maior fôlego.

8. BIBLIOGRAFIA

BASÍLIO, Margarida. Teoria Lexical. São Paulo : Ática, 1987, p. 18.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. São Paulo : Ed. Nacional, 1975, p. 168.
CÂMARA, Mattoso. Problemas de Lingüística Descritiva. Petrópolis : Vozes, 1969, p. 51.
------------------------- Estrutura da Língua Portuguesa. Petrópolis : Vozes, 1970, p. 61.
CARONE, Flávia de Barros. Morfossintaxe. São Paulo : Ática, 1986.
COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática Histórica. Rio de Janeiro : Acadêmica, 1971, p. 116.
CUNHA, Celso. Gramática do Português Contemporâneo. Belo Horizonte : Ed. Bernardo Álvares, 1976, p. 58.
KEHDI, Valter. Morfemas do Português. São Paulo : Ática, 1990.
HOCKETT, Carles F. A Course in Modern Linguistics. In: PICKETT, Velma & ELSON, Benjamin. Introdução à Morfologia e à Sintaxe. Petrópolis : Vozes, 1973.
LUFT, Celso Pedro. Moderna Gramática Brasileira. Porto Alegre : Globo, 1979, p. 95.
MACAMBIRA, José Rebouças. A Estrutura Morfo-sintática do Português. São Paulo : Pioneira, 1978.
PERINI, Mário. A Gramática Gerativa. Belo Horizonte : Ed. Vigília, 1976.
PICKETT, Velma & ELSON, Benjamin. Introdução à Morfologia e à Sintaxe. Petrópolis : Vozes, 1973, p. 18.
SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Lingüística Geral. São Paulo : Cultrix, 1974.
SILVA, M. Cecília P. de Souza e KOCH, Ingedore Villaça. Lingüística Aplicada ao Português; Morfologia. São Paulo : Cortez, 1987.
STEFFEN, Elemar A. A Estrutura do Superlativo Absoluto Sintético Português. (s/d), mimeo.


Estrutura e Formação de Palavras




Há em Português: palavras primitivas, palavras derivadas, palavras simples, palavras compostas. Palavras primitivas: aquelas que, na língua portuguesa, não provêm de outra palavra. Pedra, flor. Palavras derivadas: aquelas que, na língua portuguesa, provêm de outra palavra.
Pedreiro, floricultura. Palavras simples: aquelas que possuem um só radical. Azeite, cavalo. Palavras compostas: aquelas que possuem mais de um radical. Couve-flor, planalto. As palavras compostas podem ou não ter seus elementos ligados por hífen.
Processos de formação de palavras: Composição Haverá composição quando se juntarem dois ou mais radicais para formar nova palavra. Há dois tipos de composição; justaposição e aglutinação. • Justaposição: ocorre quando os elementos que formam o composto são postos lado a lado, ou seja, justapostos:
Pára-raios, corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira, girassol. • Composição por aglutinação: ocorre quando os elementos que formam o composto se aglutinam o que pelo menos um deles perde sua integridade sonora:
Aguardente (água + ardente), planalto (plano + alto)
Pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + acre) Derivação por acréscimo de afixos É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (derivada) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética. • Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por acréscimo de prefixo.
In--------feliz des----------leal Prefixo radical prefixo radical • Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por acréscimo de sufixo.
Feliz----mente leal------dade Radical sufixo radical sufixo
• Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassíntese formam-se principalmente verbos.
En-------trist-----ecer Prefixo radical sufixo
en--------tard-----ecer prefixo radical sufixo Outros tipos de derivação Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação regressiva e a derivação imprópria. • Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação de substantivos derivados de verbos.
• Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é obtida pela mudança de categoria gramatical da palavra primitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas tão-somente na classe gramatical. Observe: jantar (substantivo) deriva de jantar (verbo)
mulher aranha (o adjetivo aranha deriva do substantivo aranha) Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê deriva da conjunção porque) Outros processos de formação de palavras:
Hibridismo: é a palavra formada com elementos oriundos de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim) sociologia (socio: latim; logia: grego) sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)
Por Marina CabralEspecialista em Língua Portuguesa e Literatura
Equipe Brasil Escola


Conceitos básicos: Observe as seguintes palavras: escol-a escol-arescol-arização escol-arizarsub-escol-arização


























Observando-as, percebemos que há um elemento comum a todas elas: a forma escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis, responsáveis por algum detalhe de significação. Compare, por exemplo, escola e escolar: partindo de escola, formou-se escolar pelo acréscimo do elemento destacável -ar.
Por meio desse
trabalho de comparação entre as diversas palavras que selecionamos, podemos depreender a existência de diferentes elementos formadores. Cada um desses elementos formadores é uma unidade mínima de significação, um elemento significativo indecomponível, a que damos o nome de morfema. Classificação dos morfemas: Radical Há um morfema comum a todas as palavras que estamos analisando: escol-. É esse morfema comum – o radical – que faz com que as consideremos palavras de uma mesma família de significação – os cognatos. O radical é a parte da palavra responsável por sua significação principal. Afixos Como vimos, o acréscimo do morfema –ar cria uma nova palavra a partir de escola. De maneira semelhante, o acréscimo dos morfemas sub- e –arização à forma escol- criou subescolarização. Esses morfemas recebem o nome de afixos. Quando são colocados antes do radical, como acontece com sub-, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como –arização, surgem depois do radical os afixos são chamados de sufixos. Prefixos e sufixos, além de operar mudança de classe gramatical, são capazes de introduzir modificações de significado no radical a que são acrescentados. Desinências Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, amavam. Essas modificações ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo (amava, amara, amasse, por exemplo).
Podemos concluir, assim, que existem morfemas que indicam as flexões das palavras. Esses morfemas sempre surgem no fim das palavras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desinências nominais e desinências verbais.
• Desinências nominais: indicam o gênero e o número dos nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina
Para a indicação de número, costuma-se utilizar o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/garotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes. • Desinências verbais: em nossa língua, as desinências verbais pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que indicam o modo e o tempo (desinências modo-temporais) e aquelas que indicam o número e a pessoa dos verbos (desinência número-pessoais):
cant-á-va-mos
cant-á-sse-is
cant: radical
cant:radical
-á-: vogal temática
-á-: vogal temática
-va-: desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicativo)
-sse-:desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do subjuntivo)
-mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primeira pessoa do plural)
-is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda pessoa do plural)
Vogal temática Observe que, entre o radical cant- e as desinências verbais, surge sempre o morfema –a. Esse morfema, que liga o radical às desinências, é chamado de vogal temática. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temática) que se acrescentam as desinências. Tanto os verbos como os nomes apresentam vogais temáticas. • Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando átonas finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola, triste, base, combate. Nesses casos, não poderíamos
pensar que essas terminações são desinências indicadoras de gênero, pois a mesa, escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a essas vogais temáticas que se liga a desinência indicadora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam vogal temática. • Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que caracterizam três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira conjugação; aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à segunda conjugação e os que têm vogal temática -i pertencem à terceira conjugação.
primeira conjugação
segunda conjugação
terceira conjugação
govern-a-va
estabelec-e-sse
defin-i-ra
atac-a-va
cr-e-ra
imped-i-sse
realiz-a-sse
mex-e-rá
ag-i-mos
Vogal ou consoante de ligação As vogais ou consoantes de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Temos um exemplo de vogal de ligação na palavra escolaridade: o -i- entre os sufixos -ar- e -dade facilita a emissão vocal da palavra. Outros exemplos: gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira, chaleira, tricota.
Por Marina CabralEspecialista em Língua Portuguesa e
LiteraturaEquipe Brasil Escola





Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-formacao-de-palavras-i.htm

SOBRE MORFEMA, SEGUNDO A WIKIPÉDIA




Um morfema é a menor unidade gramatical que se pode identificar. As palavras, ao contrário do que pode parecer, não correspondem às menores unidades gramaticais da língua. Uma palavra como infelicidade, por exemplo, resulta da combinação de três elementos menores: o prefixo in-, o radical felic- e o sufixo -idade. Cada um desses elementos é um morfema da língua portuguesa, e nenhum deles pode ser fragmentado ulteriormente do ponto de vista gramatical: sob esse ponto de vista, todos são unidades mínimas. Cada um desses morfemas é usado para construir outras palavras. Por exemplo, o prefixo in- ocorre também em "infeliz", "indistinto", "involuntário" e "insatisfeito"; o tema feliz aparece também "felicidade", "felizmente", "infelicitar" e "felizardo"; e o sufixo –idade ocorre também em "velocidade", "castidade", "maioridade" e "habilidade".
Os morfemas são de tipos diferentes. Dizemos que "feliz" é um morfema lexical, ou lexema, por ter um sentido
dicionarizável: podemos dar uma definição de "feliz". Contudo, o -mente de "felizmente" é diferente: é um morfema gramatical, que desempenha a função estritamente gramatical de transformar um adjetivo em advérbio. Independentemente disso, podemos dizer que "feliz" é também um morfema livre: pode aparecer sozinho formando palavra, como acontece na palavra "feliz". Mas o prefixo in- e os sufixos –idade e –mente são morfemas presos: eles nunca podem aparecer sozinhos, precisam sempre ligar-se a pelo menos um outro morfema no interior de uma palavra.
Idealmente, um mesmo morfema deveria ter sempre uma única forma constante e um único significado ou função constantes. Mas, na realidade, os morfemas variam em sua forma, dependendo da posição onde ocorrem, um fenômeno denominado
alomorfia. Por exemplo, o morfema saúde tem uma forma quando aparece nas palavras "saúde" e "saudável", e tem outra forma quando aparece na palavra "salutar" e "insalubre". Analogamente, o prefixo negativo in- apresenta formas diferentes nas palavras "insincero", "impossível" e "ilegal". Chamamos essas formas variantes alomorfes do morfema.
O morfema também pode ser ausente. Quando a ausência do morfema é significativa, a função é considerada cumprida pelo morfema zero.

SOBRE ENTRADA LEXICAL



ÂMBITO DA LINGUÍSTICA PORTUGUESA II

ORIGEM do termo LINGUÍSTICA:

· do fr. (linguistique).s.f. Estudo científico da linguagem e das línguas naturais, debruçando-se sobre os seus aspectos fonéticos, sintácticos e semânticos, lexicais e pragmáticos bem como sobre a sua estrutura, evolução, repartição e relação com outras línguas, conforme as diferentes escolas.
[1]


ESTRUTURAS LÉXICAS DO PORTUGUÊS
[2]

LEXICOLOGIA no contexto das Ciências da Linguagem

· Situa-se no seio da Linguística Teórica, sincrónica a par de outros ramos de conhecimento da língua, como a semântica, sintaxe, morfologia, fonética, pragmática, lexicografia;


TERMINOLOGIA a distinguir

LEXICOLOGIA:
[3] estudo científico do léxico; ramo da linguística que se ocupa do estudo teórico e aplicado do vocabulário, das palavras nas suas relações com a etimologia, a fonética, a morfologia, a sintaxe e a semântica.

LEXICOGRAFIA:
[4] Ramo da linguística que se ocupa dos aspectos teóricos e práticos que têm em vista a elaboração de dicionários, vocabulários, glossários.
LÉXICO:

· Conjunto de lexemas
[5], unidades virtuais de significação, que pertencem ao domínio da língua de uma comunidade, de um locutor, por oposição à sua realização no discurso, ao vocabulário[6].
· O dicionário no duplo sentido de conjunto de palavras dessa língua e a sua inventariação;
[7]
· Conjunto de unidades linguísticas básicas (morfemas, locuções, palavras) inerentes a uma língua e cujas unidades se encontram listadas por ordem alfabética num dicionário;
[8]
· Conjunto de unidades linguísticas que representam a realidade extra-linguística.
[9]



o Palavras lexemáticas
[10]: palavras de significação objectiva que realizam, caracterizam a representação linguística dos objectos que constituem a realidade, considerados como propriedades, qualidades, substâncias, processos, correspondendo ao quê da apreensão da realidade:

§ substantivos: mar, terra, luz;
§ adjectivos: belo, actual;
§ verbos: amar, trabalhar, actualizar;
§ advérbios: actualmente; facilmente;
§ pronomes próprios: fulano, cicrano;

o Palavras categoremáticas (ou categoremas)
[11]: unidades portadoras da significação categorial que distingue adjectivos (lindo, actual) de substantivos (actualização, beleza), de verbos (materializar, actualizar, amar), de advérbios (lindamente, materialmente, actualmente); unidades portadoras de significado instrumental ou morfemático. Nesta categoria, incluem-se também os deíticos (este, aquele, ali, aqui…).

· Palavras morfemáticas
[12]: morfemas ou palavras instrumentais que não representam directamente a realidade, mas apenas estabelecem relações de unidades da língua com outras unidades (como, para, sim, e…).

O léxico pode ainda configurar-se na gramática transformacional ou generativa com uma definição distinta de todas as outras, aludindo aos conceitos de competência:

§ Conjunto das entradas lexicais que correspondem à competência lexical do falante e do ouvinte de uma determinada língua.
§ Lista não ordenada de entradas e lista de regras de redundância constituída por um conjunto de traços específicos de cada entrada.


Fonéticos, transformações morfológicas, propriedades semânticas, propriedade léxicas: localizar e inserir as unidades lexicais nas respectivas categorias e na sequência sintáctica.


Assim o falante/leitor, com base no conhecimento semântico e sintáctico de uma língua, pode compreender e produzir os significados ou sentidos duma frase nunca ouvida ou
dita.

Lexicografia e as bases de dados lexicais

Actualmente existem diferentes bases de dados lexicais à disposição do leitor/escritor/falante fornecidos pela lexicografia:
· dicionários[13]:
§ virtuais
§ suporte material
§ ilustrados

§ unilingues; bilingues;
§ áreas específicas[14]
§ enciclopédicos[15]
· prontuários da língua portuguesa[16]
· glossários[17]


· Utilização das bases de dados lexicais ensino


A utilização deste material no ensino das línguas revela-se de extrema importância na aquisição e desenvolvimento do léxico, do vocabulário não só no âmbito da língua portuguesa como no âmbito das diferentes áreas de conhecimento: ciências; estudo do meio; matemática; expressões.

É a partir do léxico que a criança começa a estruturar o sistema da língua e consequentemente o seu pensamento, organiza o saber adquirido; processa a informação e alia a função de representação à função de comunicação[18].

Para o efeito, poderão realizar distintas actividades com os alunos do 1ºCEB, na tentativa de transformar uma o vocabulário passivo em activo:

· organização de uma lexicoteca (ficheiro de palavras);
· construir glossários da turma;
· consulta do dicionário em sala de aula;
· explorar os possíveis significados de uma palavra, expressão
· estabelecer relações semânticas entre as palavras
· utilizar vocabulário nas suas diferentes funções (poemas; textos publicitários; títulos de jornais);
· manobrar a linguagem, transformando-a: decalque/pastiche.
· processos de formação de palavras: ex. dicionário de africanês;


· Unidade base do léxico


O léxico não pode ser estudado sem se referir a estrutura semântica que lhe é subjacente. Delimitou-se como unidade base: a palavra. Ainda que se verifiquem diferentes designações[19] consoante a escola linguística, são as palavras, enquanto unidades linguísticas dotadas de significado que constituem o seu objecto de estudo.
Unidade semântica básica da língua


Assim, se optarmos por um critério semântico, consideramos as palavras, como unidade fundamental do léxico, como LEXEMAS, para o qual já aludimos, anteriormente, na delimitação das palavras lexemáticas; categoremas, palavras morfemáticas.


LEXEMA:

· “elemento da língua, a forma básica, que fundamenta as possíveis formas do discurso, bem como todos possíveis significados da palavra (...) de que dispõe a competência do falante/ouvinte” (Vilela, 1979:21).


· “é a forma léxica representativa de um paradigma flexional e que aparece como representante desse paradigma nos dicionários e nas gramáticas da língua.” (Lyons in Vilela, 1979:22).


· “as palavras de significação objectiva ou as classes léxicas pertencentes a um inventário aberto (substantivos, adjectivos, verbos, advérbios de modo) em oposição a categoremas (palavra de significação gramatical e pertence a um inventário fechado)” (Carvalho in Vilela, 1979:23).


· “a unidade léxica de significação objectiva ou a unidade que apreende directamente a realidade extra - linguística, abrangendo esta unidade o que, numa designação genérica, se costuma chamar família etimológica” (Coseriu in Vilela, 1979: 23).


Desta forma, qualquer lexema é dotado de um significado e detém um referente. A análise do léxico implica abordar diferentes teorias. Contudo, grosso modo concebe-se e compreende-se o significado lexical como um conceito de relação de significados.



Ao tratamento do léxico vamos, então, designar por SEMÂNTICA LEXICAL: semântica da unidade de língua, cujo objecto é o significado linguístico. Isto significa que as frases e o significado das frases só poderão ser analisáveis mediante o conhecimento e tratamento do significado lexical. (Vilela, 1979:40-41)

Ainda, este tratamento deverá ser feito em função de uma estrutura, com base em oposições lexicais Þ teoria dos campos lexicais. (Coseriu, in Vilela, 1979:42).



MÉTODOS de ANÁLISE SINCRÓNICA do LÉXICO

Atendendo à sua natureza, heterogeneidade e complexidade, a análise do léxico ao longo do tempo não tem sido constante, causando algum caos[20] no plano teórico.

Várias são as propostas dos teóricos, contudo é ponto assente que as unidades léxicas, e respectiva análise, se definem paradigmaticamente e sintagmaticamente.

╙ o valor dos lexemas encontra-se numa rede de interdependências, abandonando a ideia de listagem de unidades léxicas enquanto unidades individuais.

╙ Inicia-se um processo de investigação liderado por Coseriu e Pottier ao considerar um modelo de análise semântica lexical, dando resposta à estruturação do léxico e do modo como o analisar.


ANÁLISE COMPONENCIAL

Uma decomposição sémica das unidades lexicais. Atribui-se à semântica a função de explicitar, determinando os significados ou sentidos lexicais e gramaticais de uma frase[21].

A análise COMPONENCIAL[22] ou SÉMICA prevê a análise do conteúdo das unidades da língua. Para o fazer, é necessário conhecer:

· os elementos mínimos de conteúdo das unidades linguísticas designadas de: semas; traços semânticos, traços sémicos, etc.

o os semas caracterizam todo e qualquer lexema de uma língua;

As diferentes escolas (Estruturalismo e Gramática transformacional) abordaram a análise do conteúdo do léxico de forma distinta:

- Para os Estruturalistas a análise componencial fundamenta-se em três princípios:

- funcionalidade: existe solidariedade entre o plano do conteúdo e o da expressão dos lexemas;
o significado linguístico unitário: para cada forma linguística apenas um significado distinto;
o comutação: método de identificação da categoria sintáctica/morfológica;

- oposição: baseia-se na existência das unidades linguísticas, sendo que funcionam através de traços opositivos em relação a outras unidades;
o uma palavra existe e funciona se houver pelo menos outra unidade com a qual tenha um traço semântico comum e um que a distinga.

- Sistematicidade: prevê a repetição das oposições no sistema da língua: vir/ir; levar/trazer comprar/vender (ou seja: em direcção ao falante ou não em direcção ao falante)


Esta categorização permitiu a E. Coseriu (1973) estabelecer as estruturas paradigmáticas e as sintagmáticas
ß ß

CAMPO LEXICAL afinidade
CLASSE LEXICAL selecção
Implicação

ß
CAMPO LEXICAL: corresponde a um paradigma lexical contemplando articulação e distribuição de um conteúdo lexical pelas diversas palavras, opondo-se entre si por meio de traços sémicos.

-ARQUILEXEMA: unidade correspondente ao conteúdo total de um campo lexical, podendo ser ou não lexema (animal);

-LEXEMA: ocupa uma parte do conteúdo do campo lexical (vaca);

-SEMAS: unidades constituídas por traços distintivos de conteúdo, constitutivas dos lexemas (carnívoro);


CLASSE LEXICAL: é uma classe de lexemas que se relacionam através de um classema;


SUBSTANTIVOS:
ser vivo;
ser humano;
ser não vivo;
ser não humano;
coisa
feminino
masculino
(...)
ADJECTIVOS:
Positivos
Negativos
(...) -CLASSEMA: traço distintivo comum a toda uma categoria verbal, manifesta-se através da distinção gramatical/lexical.


VERBOS:
Transitivo
Intransitivo
Em direcção a
A partir do sujeito
(...)

B. Pottier (1963 in Vilela, 1979:80) analisou alguns conjuntos léxicos, dos quais destacamos o de “assento”, em relação ao qual exemplificaremos cada um dos conceitos já referidos.

Contudo há que distinguir 4 sentidos deste lexema:
- 1. assento: objecto construído ou não onde nos sentamos;
- 2. assento: base;
- 3. assento: bom senso;
. 4. assento: registo.

É o ASSENTO (1) sobre o qual recai esta análise.


ASSENTOS Sobre os pés ncosto braços capacidade
IM
NÃO
SIM
NÃO
1pessoa
+que 1 pessoa
Cadeira
X
X


X
X

Poltrona
X
X

X

X

Banco
X

X

X
X

Sofá X X X

OU também:

S1: objecto construído para se sentar

S1 S2 S3 S4 S5 S6
Banco + - - - +
Cadeira + + + - + +
Poltrona + + + + + -
sofá + + - + + -
S2: com encosto
S3: para uma pessoa
S4: com braços
S5: com pés
S6: feito de material rijo



CAMPO LEXICAL: assento;
LEXEMAS: cadeira; poltrona; banco; sofá;
AQUILEXEMA: o lexema assento
SEMAS: sobre os pés; encosto, braços; capacidade;
CLASSE LEXICAL: substantivos
CLASSEMA: ser não vivo; coisa






Semântica estrutural e “campos associativos”[23]

A teoria dos campos lexicais permitiu considerar o léxico como estruturado, enquanto conjunto de estruturas lexemáticas, originando a construção de um novo conceito: a semântica estrutural – semântica lexical estrutural.[24]

São vários os modelos da semântica estrutural que coexistem, apesar das diferenças. As relações semânticas ao nível do léxico são um exemplo destes modelos, ou os CAMPOS SEMÂNTICOS, os CAMPOS ASSOCIATIVOS, e FAMÍLIAS DE PALAVRAS.
A generalidade dos autores utiliza esta designação
para os conjuntos de lexemas com valores semânticos próximos.[25]

Porém, vamos reservar e utilizar a denominação de CAMPOS SEMÂNTICOS para nos referirmos ao conjunto de significados de um dado lexema e NÃO para conjuntos de lexemas[26].
Assim, um CAMPO SEMÂNTICO abarca diferentes VARIANTES SEMÂNTICAS de um único lexema, ou seja, o seu alcance polissémico num ou mais enunciados.

Estas variantes podem ser determinadas pelas subentradas semânticas de um dicionário de definições, exigindo, à partida, do ponto de vista funcional, a distinção entre duas relações semânticas: a homonímia[27] e a polissemia[28].

Ex. verbo ARDER

Si1[29]: arder em chamas; O pinhal está a arder.
Si2: sentir calor; A Joana arde de febre;
Si3: exaltar-se; O meu pai ardia de raiva, naquele dia.
Si4: sentir forte desejo; Ardia de paixão;
Si5: ter sabor a ácido ou picante; Isto arde na boca.
Si6: doer; O sabão arde nos olhos.
Si7: estragar-se; consumir-se; Ardeu o nosso projecto.
Si8:queimar-se; consumir-se; O museu ardeu completamente.



Assim, os campos semânticos, na acepção considerada, permitem, à semelhança do que foi proposto anteriormente, o desenvolvimento do léxico nos indivíduos. Na verdade, desenvolver o léxico não significa apenas adquirir novas unidades lexicais, mas também conhecer as diferentes variantes semânticas de cada lexema, os vários contextos linguísticos aos quais se associam, definindo-se os seus “empregos”[30]. Porém, ainda dentro dos modelos de semântica estrutural, destacam-se outras relações lexicais.


RELAÇÕES ASSOCIATIVAS ou CAMPOS ASSOCIATIVOS[31]

Apesar de, actualmente, ainda não se conhecer a estrutura global do léxico (caso exista), e apesar de ainda é considerado como uma listagem de itens sem estruturação aparente, torna-se evidente que cada palavra se associa a outras nos mais variados aspectos.

As palavras não são elementos isolados, mantêm relações múltiplas entre si, formando famílias associativas. Uma qualquer palavra pode fazer evocar várias séries associativas. Tomando o exemplo de Saussure[32], a palavra – ausente – poderá despoletar nos indivíduos diferentes tipos de séries associativas, partindo de uma relação de analogia ou contiguidade entre os significantes e os significados[33] (conjuntamente ou não):


AUSENTE

ß ß ß
ausência distante presente
......ausentar ......afastado ......clemente
(...) (...) (...)
palavras derivadas
palavras com pronúncia semelhante
palavras com significado próximo ß ß ß


Esta representação configura-se no conceito de campo associativo, ao qual (ou aos quais) estão ligados factores afectivos, culturais e intelectuais, bem como ao domínio de experiência de cada indivíduo, variando de locutor para locutor[34].

Assim, os critérios são individuais e quase aleatórios, projectando as vivências de cada um dos seus participantes face a uma palavra e a tudo o que a mesma pode evocar.



FAMÍLIAS DE PALAVRAS

Também a semântica estrutural abrange o estudo das relações entre palavras associáveis que apresentam constituintes morfológicos idênticos (radicais ou afixos derivacionais idênticos) pertencem à mesma família de palavras.

Ex. Cadeira; cadeirinha; cadeirão
Árvore; arvoredo; arbusto; arbóreo;
Pensamento; pensar; pensante; pensativo; pensador;

- a relação do significado com o significante é evidente e conhecida pela generalidade dos falantes.
As famílias de palavras vão sendo constituídas ao longo da história das línguas, assumindo, por conseguinte, uma dimensão diacrónica.


Numa outra perspectiva e do ponto de vista funcional, não há verdadeiras famílias de palavras. A entrada de uma palavra numa língua, pode ser divergente quanto ao momento e quanto à via, mesmo apresentando o mesmo étimo[35]. A passagem do Latim para o Português exige alterações nas palavras, processando-se através de duas vias, a que se afasta mais da palavra latina e a que se mantém mais fiel, respectivamente:

- via popular: cadeira.
- via erudita[36]: cátedra.

Esta divergência de parentescos etimológicos nem sempre é reconhecível pelos falantes. A escola desempenhará uma função primordial na passagem de famílias de palavras derivacionais para as não derivacionais, oriundas dos cultismos, pela via erudita, desenvolvendo o vocabulário.

[1] Cf. Academia das Ciências de Lisboa (2001). Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. vol.II Lisboa: Verbo, 2276.
[2] Título a partir de Vilela, M. (1979). Estruturas Léxicas do Português. Coimbra: Almedina.
[3] Cf. Academia das Ciências de Lisboa (2001). Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. vol.II Lisboa: Verbo, 2257.
[4] Idem, 2258
[5] Idem, 2257
[6]Conjunto de vocábulos (constitui a actualização dos lexemas no discurso) de uma língua, podendo ser inventariado em classes, In (Academia das Ciências de Lisboa (2001). Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. vol.II Lisboa: Verbo, 3773.)
[7] Vilela, M. (1979). Estruturas Léxicas do Português. Coimbra: Almedina, 9.
[8] Ibidem.
[9] Idem, 10.
[10] Idem, 11.
[11] Idem, 11.
[12] Idem, 11-12.
[13] “Colecção alfabetada dos vocábulos de uma língua ou dos termos de uma ciência ou arte, com a significação deles ,ou com a sua tradução em outra língua” In Dicionário Lello prático e ilustrado. (1997) Porto: Lello Editores, 366. Pode também incluir informação relativa à categoria gramatical e léxical, ainda a transcrição fonética; a etimologia, sinónimos e antónimos, exemplos, combinações com outras palavras ou expressões, locuçõies, etc.
[14] Linguística; terminologia científica; terminologia náutica e muitas outras áreas do conhecimento.
[15] “obra que abrange todo o saber, todos os conhecimentos em relação a diferentes áreas ou apenas a uma ciência” In Dicionário Lello prático e ilustrado. (1997) Porto: Lello Editores, 366. Mais actualmente designam-se de diciopédias.
[16] Manual de indicações úteis acerca da língua portuguesa, da sua ortografia e acentuação correcta.
[17] livro ou vocabulário onde se inventariam e explicam palavras de uma dada língua, podendo ser antigas e de determinadas especialidades.
[18] Figueiredo, O.M. (2003). “Da língua ao discurso. O processamento lexical nominal”. In Actas do 5º Encontro de Professores de Português: Como pôr os alunos a trabalhar? Experiências formativas na aula de Português. Lisboa: Lisboa Editora/APP, 229-239.
[19] “palavra léxica, palavra semântica, palavra derivada, palavra composta, sintagmema, sintagma, sintagma fixo, expressão idiomática, morfema, morfema livre e morfema preso, entrada lexical, item lexical, lexema, monema, semema, arquilexema e arquisemema” In. Vilela, M. (1979). Estruturas Léxicas do Português. Coimbra: Almedina, 15.
[20] Vilela, M. (1979). Estruturas Léxicas do Português. Coimbra: Almedina, 33.
[21] Teoria formulada por Katz descrita em Vilela, M. (1979). Estruturas Léxicas do Português. Coimbra: Almedina, 33-35. Esta concepção desenvolve-se à volta da ideia que a organização do léxico se assemelha à de um Thesaurus. A definição de cada item expressa-se num conjunto de componentes referentes à entrada lexical, não considerando, no entanto, o facto de uma palavra conter diferentes sentidos (homonímia, polissemia).
[22] Confrontar Vilela, M. (1979). Estruturas Léxicas do Português. Coimbra: Almedina,24-32.
[23] Cf. Vilela, M. (1979). Estruturas Léxicas do Português. Coimbra: Almedina,46-49.
[24] Esta construção foi desenvolvida por E. Coseriu, B. Pottier, A. Greimas e J. Lyons (Europa); Bendix, E. Nida e A. Lehrer (E.U.A).
[25] O que considerámos como campos lexicais.
[26] Contudo, os campos lexicais são, ao mesmo tempo, campos lexicais/semânticos, pois os lexemas relacionam-se pelo valor semântico.
[27] “relação semântica entre palavras de significados diferentes, mas não opostos, relações de identidade fónica e/ou gráfica”. Cf. Duarte, I. (2000). Língua Portuguesa. Instrumentos de Análise. Lisboa: Universidade Aberta, 94-95.
[28] “Facto de um palavra ter mais do que um significado, podendo, por isso, originar ambiguidade”. Cf. Duarte, I. (2000). Língua Portuguesa. Instrumentos de Análise. Lisboa: Universidade Aberta, 94-95.
[29] Si 1..2 (...) abreviatura para Significado, ou seja, correspondente às variantes semânticas..
[30] Vanoye, F. (2002) Usos da Linguagem. 11ªed. São Paulo: Martins Fontes, 28.
[31] Também denominadas de famílias associativas, séries associativas.
[32] Saussure, F. (1999). Curso de Linguística Geral. 8ªed. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 211-215.
[33] Vilela, M. (1979). Estruturas Léxicas do Português. Coimbra: Almedina, 48-49.
[34] Cf. Mateus, M. H. M., Xavier, M. F. (org.). Dicionário de termos Linguísticos. Vol.I. Lisboa: APL/ILTEC. Edições Cosmos.
[35] Duarte, I. (2000). Língua Portuguesa. Instrumentos de Análise. Lisboa: Universidade Aberta, 96-98.
[36] Também denominados de cultismos.

O QUE A WIKIPÉDIA DIZ MORFOLOGIA NA LINGUÍSTICA

Em linguística, no nível de análise morfológica encontramos duas unidades formais: a palavra e o morfema. Uma das questões centrais no estudo da morfologia é decidir se a abordagem será pela perspectiva do morfema ou se a partir da palavra, da formação e da classificação das palavras. A peculiaridade da morfologia é estudar as palavras olhando para elas isoladamente e não dentro da sua participação na frase ou período. Gramática Tradicional fez opção clara pela abordagem a partir da perspectiva da palavra, tanto que a morfologia tradicional é centrada no estudo das classes de palavras. Alguns lingüistas sugerem que a abordagem a partir dos morfemas é mais sensata, dadas as dificuldades encontradas para delimitar o conceito de palavra. Da nossa parte, não vamos radicalizar em favor de nenhuma perspectiva. Tentaremos abordar com equilíbrio tanto os morfemas como as palavras.
Existem:
Radical;
Afixos (Sufixo e Prefixo);
Desinências (verbal e nominal);
Vogal Temática;
Vogal de Ligaçao; e
Consoante de Ligação.
[
editar] Tipos de Derivação
Derivação prefixal
Prefixo + Palavra Primitiva (Radical)
Exemplos:
a + pôr = apor
semi + círculo = semicírculo
contra + pôr = contrapor
ex + pôr = expor
im + pôr = impor
per + correr = percorrer
Derivação sufixal
Palavra Primitiva (
Radical) + Sufixo
Exemplos:
casa + arão = casarão
chuva + oso = chuvoso
calma + mente = calmamente
casa + inha = casinha
casa + eiro = caseiro
humano + izar = humanizar
pinto + ada = pintada
Derivação parassintética
Prefixo + Palavra Primitiva (Radical) + Sufixo
Exemplos:
a + funil + ar = afunilar
en + gaiola + ar = engaiolar
a + manh(ã) + ecer = amanhecer
Derivação regressiva
A palavra primitiva (
Radical) reduz-se ao formar a palavra derivada.
Exemplos:
chorar = choro
abalar = abalo
errar = erro
cortar = corte
debater = debate
recuar = recuo
sarampão = sarampo
chutar = chute
Derivação imprópria
Mudança gramatical nas palavras sem alteração da forma.
Exemplos:
Porto (instalação para embarque e desembarque marítimo) - Porto (vinho)
Pereira (árvore) - Pereira (apelido)